Thursday, September 6, 2007

ARRIBA LA LUNA

Há os ventos que separam e há os ventos que aproximam os pólos. É como uma ponte que se constrói com as mãos todo dia. O primeiro tipo de vento é a ausência do que é necessário para se construir a ponte.
O coração é tudo o que eu tenho. Assim, é o alimento e o início, o fim e o meio.
(To be continued)

PARTE I
Ventos que sustentam...é o ponto de equilibrío entre ventos frios - aqueles que separam - e os ventos quentes - aqueles que aproximam.
O que se sabe dos ventos que sustentam o coração? O que se sabe na profundidade concreta daquilo que nutre o coração no vôo dos falcões?
O amor que se manifesta na alma livre do falcão é feito de todo dia. É o laço inominável.

PARTE II - A FANTASIA
DIÁLOGO ENTRE FALCÃO FÊMEA E SEU INTERLOCUTOR:
- Eu quero a constância do vento que sustenta o meu voar. É egoísta? Sabe, a minha verdade extravasa nas entrelinhas. Alguém sabe quem me criou assim, onda batento nas pedras? Um certo princípio masoquista que se criou em mim não me dá alternativas a não ser virar onda e me quebrar nas pedras. Falcão Onda.
- O tempo vai mostrar.
- Eu não tenho mais tempo.
- Você é teimosa...
- Peço apenas que me ouça. Não julgue. Não deduza nada.
- Você me trata como se você soubesse do meu destino. Você sabe da minha essência. Espera que eu me revele a mim mesma. Então responda, quando puder, mas enquanto isso vou apenas contar do que eu preciso.
- Estou ouvindo.
- Preciso que você me mostre que sabe mergulhar. Preciso saber se você tem fôlego para achar o tesouro de Atlântida junto comigo. É um mergulho até as profundezas da origem de tudo. As palavras acompanham as ações, não? Haja com alguma constância comigo, e o ritmo se constrói. Mas eu tenho pressa. Antes que o Sol de inverno bata nas minhas asas. Antes que o céu se cubra de estrelas. Eu não suporto voar só. Nasci com a necessidade da troca. Aceito. Não quero fazer a escolha sem antes ouvir a voz de Deus. Você, mais do que ninguém, sabe que o fogo deve ser alimentado.
- Eu dou a você o que eu posso. E você, o que me oferece?
- Não é suficiente. Ofereço a possibilidade.
- Você é chata!
- Você mascara minha chatice porque não suporta a idéia de voar a dois. Você parece ter a certeza de que nenhum falcão fêmea atingirá as alturas dos seus vôos. É uma defesa. Seu destino não te fez monogâmico?
- Acredito e vivo o amor, se é o que queres saber.
- É a sua maneira única de amar. Cada um tem a sua, não? Eu não te conheço bem porque você não deixa ou porque eu sou cega? A cegueira não é uma característica dos falcões...Não se ofenda, por favor.
- Eu já volto.

PARTE III - A REALIDADE
As lacunas entre as pontes não permitem o trânsito livre entre os territórios.

PARTE IV - A LIBERDADE
Não quero aprender com a dor. Escolhas. Não quero mais viver pela metade.

PARTE V - AS REALIDADES MULTIDIMENSIONAIS
A maravilha do mundo é não saber do amanhã. Quando viajo no tempo e no espaço eu sou mais plena.
O mundo material é uma corrida de 5 qulômetros se comparado ao infinito do cosmos. Dizem-me que preciso desacelerar. Quem sabe da minha urgência? Por favor, não se confudam com minha aparente ingratidão pela dádiva da vida. Aqui quero viver o mais próxima da plenitude da criação. Eu sou uma parte do Mistério. Míssil teleguiado para o Amor. Bomba de prazer. Suavidade do pouso. Aterrada. Quais são os seus sonhos? Não me deixe esquecer dos meus. Se você pisar nos meus sonhos, eu te deixarei. Na multidimensão, eu deixo de ser uma sobrevivente de Auschvitz, deixo de estar na estaca, deixo de ser flagelada pela ira dos homens. Deixo para trás o medo da punição. Deixo para trás as atrocidades cometidas contra todas as vaginas do mundo. Deixo para trás o medo que os homens têm das mulheres. Deixo para trás o medo que as mulheres têm dos homens. Sim, porque somente livre do medo nós podemos ser serpentes aladas. Na multidimensão vou plantar girassóis para que eu nunca me esqueça das direções, do nascente e do poente, porque é o Sol que me guia.
O falcão fêmea observa sua bagagem. Entre dar o passo derradeiro rumo ao céu e esperar a coruja branca. Entre o ficar e o ir embora. Duas penas caem de suas asas. O vento é forte. Ela quer a alucinação das alturas. A raiz da cerejeira cresce, sua árvore, seu ninho. Ela quer o gozo dos pares.
Ela sabe que ninguém leva a sério seu poder de imaginar tudo. Secretamente, ela se sabe musa.
Ela retira os guizos de sua pata direita. "Não quero ser rastreada". "Mas se eu não estiver pronta, quem virá em meu auxílio? Reconheço minha falta de auto-suficiência." O vôo é aprendizado, não suicídio. "Quero aprender com o amor. Não quero aprender com a dor". Escolhas.
(Blue Crystal Eagle)

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